terça-feira, 16 de outubro de 2018

TEMA: CORRUÇÃO BRASILEIRA


A partir da leitura dos textos e de suas reflexões individuais, redija uma dissertação, de 20 a 30 linhas, em que exponha sua opinião a respeito da cultura de transgressão das leis, tão comentada no Brasil de hoje.

Ao falar da corrupção como algo socialmente aceito no Brasil, Karnal viajou ao século XV. “A corrupção é uma característica colonial”, afirmou. E especificou, com detalhes, a trajetória de desvirtuação ética que presenciamos. “O atestado falso que entregamos na escola dos nossos filhos é o mesmo que acabou com a maior petrolífera do país”.
Durante toda a palestra, ele destacou a importância do império da lei. “A vida com ética é sustentável. Estar inteiramente dentro da lei torna a vida fácil, despreocupada, saudável”, declarou. “Você pode enganar a poucos por algum tempo e enganar muitos por muito tempo, mas jamais conseguirá enganar a todos por todo o tempo”, citou, ao comentar a onda de prisões de nomes importantes da política brasileira. “Nunca na história deste país se viu nomes tão grandes indo para a cadeia. E isso é bom. Isso é muito bom”, comentou.
Sobre os escândalos envolvendo dinheiro público, Karnal demonstrou preocupação. “O roubo do dinheiro público é o crime mais grave que se pode cometer. Pois, quando roubo de uma empresa privada, prejudico a um dono, respondo ao código penal e vou pagar pelo meu crime. Mas quando roubo de uma empresa pública, eu estou roubando de todos. Isso é ainda mais grave”.
O palestrante realçou a importância de se ter políticos preocupados com o desenvolvimento social do país, em acabar com a taxa de analfabetismo, cuidar da saúde e da sustentabilidade. “Há décadas somos reféns de políticos preocupados com apenas três coisas: reeleger-se, eleger um sucessor e escapar da cadeia. E vemos cada um executá-las com graus de eficácia diferentes, não é mesmo?!”, satirizou.
O professor usou o discurso para evidenciar a necessidade que o país tem em investir em políticas que priorizem a educação. Durante sua argumentação, usou o exemplo da Coreia do Sul. “No início do século, esse país era, assim como nós, de terceiro mundo, com taxas de analfabetismo altíssimas. No fim da década de 1990, a Coreia se transformou em uma potência de primeiro mundo. Por quê? Porque em um determinado momento, decidiram investir 50% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação. Pronto. Foi preciso apenas uma geração para que virasse o que é hoje”, explicou. O historiador evidenciou que isso só será possível quando conseguirmos políticos que pensam e planejam ações futuras.
Karnal contou que sonha com o dia em que escândalos com dinheiro do governo e corrupção na administração pública sejam casos raros, esporádicos. “Há dois anos, um empreiteiro disse, sem nenhum pudor, ‘no Brasil, sem fraudar a licitação, não se engue um muro’, que essa frase fique para trás, a ser estudada pelos nossos filhos e netos como um ato do passado”. Finalizando, delimitou o que espera para a gestão de nosso país. “Que a corrupção não seja a norma, a estrutura, a regra orgânica, a prática. É a luta que reúne a mim, a vocês da auditoria pública e a todos que sonham com um país diferente e mais justo, onde nunca atingiremos o paraíso, mas pelo menos não garantiremos o inferno”, concluiu. http://www.atricon.org.br/imprensa/leandro-karnal-faz-analise-historica-sobre-a-corrupcao-no-brasil/


Como a questão da transgressão das leis está relacionada com a história do Brasil?
 A transgressão das leis existe em qualquer sociedade, produto da tensão entre as necessidades individuais e os interesses coletivos, mas no Brasil o fenômeno se agrava por razões históricas. O Brasil tem uma história de tutelagem e controle, marcada pelo analfabetismo, a pobreza e a falta de cultura, na qual a grande maioria da sociedade não foi chamada a participar da elaboração das leis e da construção das instituições nacionais. Até 1808, ano da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, o Brasil era uma colônia atrasada, ignorante e proibida, em que 98% dos habitantes eram analfabetos. Não havia ensino superior e imprensa. A circulação de livros era censurada e o direito de reunião para discutir ideias, proibido. De cada três brasileiros, um era escravo. (...)
 A herança de exclusão se perpetua depois da Independência. A nossa primeira constituição, a de 1824, foi outorgada, ou seja, imposta de cima para baixo. Durante o período monárquico, um pequeno grupo ilustrado tentava conduzir os destinos de todo o resto constituído por uma enorme massa de analfabetos e destituídos. Na República, o fenômeno se repete em inúmeros golpes, quarteladas e ditaduras, em que novamente alguns grupos mais privilegiados tentam tutelar todos os demais. E qual o resultado disso? O resultado é uma relação de estranheza entre a sociedade, o estado e as instituições que ele representa. Construímos uma cultura transgressora, incapaz de pactuar caminhos e soluções para seu futuro, em que os interesses individuais ou de grupos se sobrepõem ao do conjunto da sociedade. A transgressão das leis é um reflexo dessa herança histórica.
Na sua opinião, por que o brasileiro não respeita as leis de trânsito quando não está sendo fiscalizado? Ainda não conseguimos incorporar por completo em nossa sociedade o conceito de civilização, que se caracteriza pelo respeito nas relações pessoais e pela predominância dos interesses coletivos sobre os individuais. (...) As pessoas só vão respeitar as leis e as instituições quando se reconhecerem nelas. E, para isso, é necessário que participem de sua construção. Mas há também um problema sério de impunidade. No fundo, as pessoas sabem que o estado é ineficiente e permeável à corrupção. Quem comete um delito tem grandes chances de não ser punido. Há, portanto, um cálculo de custo-benefício nas infrações. Como resultado da impunidade, a chance de alguém “furar” um sinal de trânsito e não ser punido é bastante grande. Portanto, do ponto de vista do infrator, vale a pena arriscar. (...) por que temos leis tão boas (na teoria) e muitas vezes pecamospor que temos leis tão boas (na teoria) e muitas vezes pecamos na prática? Há uma enorme dose de hipocrisia nas relações entre a sociedade brasileira e suas instituições. As pessoas criticam a corrupção, a ineficiência e falta de transparência no governo, por exemplo, mas não agem de forma muito diferente nas suas vidas particulares. O mesmo cidadão que critica a corrupção e a troca de favores no Congresso Nacional e acha que todos os políticos são corruptos por natureza, às vezes topa oferecer uma “caixinha” para o policial rodoviário que o flagrou fazendo uma ultrapassagem proibida. É como se houvesse nas relações individuais uma ética superior às coletivas, expressadas na política e no funcionamento das instituições, o que não é verdade. Na prática, as instituições nacionais são um espelho da média da sociedade brasileira. O Congresso Nacional nunca será mais corrupto ou menos corrupto do que a média da sociedade brasileira. Deputados e senadores corruptos não caem do céu, mas são eleitos por eleitores que, por ignorância ou convicção, aceitam a prática da corrupção. (...) Fragmento da entrevista realizada pela Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro com o escritor e jornalista Laurentino Gomes
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entrevista com Michael J. Sandel ministra um dos cursos mais populares da história de Harvard. Suas aulas pela internet foram vistas por dezenas de milhões de pessoas e ele já reuniu 14 mil jovens em um estádio na Coreia do Sul. Tudo isso para quê? Para ouvi-lo falar de ética e democracia. Ele diz que “as pessoas estão sedentas por discutir esses temas”

aqui

NEGÓCIOS O que o senhor entende por “jeitinho brasileiro”?
Sandel 
Eu estive algumas vezes no Brasil e, no ano passado, participei do Caldeirão, o programa do Luciano Huck, na TV Globo. Foi uma experiência fascinante. Fizemos uma espécie de assembleia, com umas 15 pessoas vindas de diferentes classes sociais, com níveis educacionais distintos, para conversar sobre alguns dilemas éticos. Fiquei surpreso ao ver como elas falavam abertamente sobre como burlavam a “lei seca” ou comprovam CDs e outros produtos piratas. Entendi o “jeitinho brasileiro” ali.

NEGÓCIOS Isso o chocou?
Sandel 
Como filósofo, meu papel não é julgar as pessoas, mas ouvi-­las, aprender e, então, levantar questões.
NEGÓCIOS O senhor acha que é impossível que a sociedade brasileira, que tolera essas pequenas infrações, livre-se da corrupção?
Sandel Essa é a grande questão. Como vocês, brasileiros, entendem isso? Vocês acham que essas coisas andam juntas? E, nesse caso, se for entendido que sim, acabar com o suborno ou práticas corruptas demanda muito mais do que apenas leis ou punições.
NEGÓCIOS Quais seriam as outras ações necessárias?
Sandel
 A punição é muito importante, porque as pessoas também aprendem pelo exemplo. Se você não pune, a mensagem que fica é de que ser corrupto é aceitável. Mas isso é apenas o primeiro passo para que as pessoas pensem de forma diferente. A mudança demanda educação. Não apenas educação nas escolas, mas educação cívica, discussões sobre os anseios, os direitos e as obrigações dos cidadãos. Isso precisa ser tratado dentro de casa, nas ruas, pela mídia, em todo lugar. Eu defendo muito a democratização do ensino de filosofia. Considero isso parte da minha missão. As pessoas precisam desenvolver um senso de comunidade, precisam aprender a ter propósitos comuns para viver bem em sociedade https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/05/michael-j-sandel-o-popstar-da-etica.html

“Corrupção na Odebrecht é a mais organizada da história do capitalismo”


.ÍNDICE DA CORRUPÇÃO 

https://infograficos.gazetadopovo.com.br/politica/indice-de-percepcao-da-corrupcao-ranking-mundial/

A Transparência Internacional divulgou nesta quarta-feira (21) o Índice de Percepção da Corrupção. O IPC é o indicador de corrupção mais utilizado no mundo, e o Brasil nunca recebeu uma nota tão baixa.
https://transparenciainternacional.org.br/conhecimento/bica




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