quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

FUVESTIANAS PESADAS, MUITA LEITURA. RECORTE TEMÁTICO INCISIVO. TEMA: SOMOS UM POVO LIVRE?

AULAS PARTICULARES, PROFESSORA DEDICADA À CAUSA DA EDUCAÇÃO HÁ MAIS DE 32 ANOS.
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FOTO DE CAMPANHA PUBLICITÁRIA DOS ANOS 1970, ÉPOCA DE MUDANÇAS ( VIDE MAIO DE 1968) QUE INCLUÍAM A LUTA POR LIBERDADES. MAS VÊ-SE NO QUADRO QUE A LUTA TORNOU-SE PUBLICIDADE, ÍCONE DO CONSUMISMO. 
À medida que a sociedade muda, surgem novas demandas de liberdade. Mas a sensação de liberdade pode ser uma ilusão? No mundo digital, as experiências digitais seriam simulacros do mundo real. A vida cotidiana é mediada por computadores, smartphones e redes sociais. A sensação é de liberdade, mas a pessoa não experimentaria a realidade dessa condição
Muitas são as perguntas. A liberdade seria uma experiência da condição humana? Um valor que nos define ou um valor da nossa ação? Somos livres de verdade? Temos limites e o outro tem limites? Será que temos liberdade sobre nosso próprio corpor?
Ninguém nasceu para estar preso ou confinado. Tanto que a falta de liberdade é uma das formas mais comuns de castigo em nossa sociedade. Ser livre parece ser um desejo de todo ser humano.
Como definir o que é liberdade?
 De acordo com o dicionário Houaiss, liberdade é o direito de expressar qualquer opinião, agir como quiser; independência. Ter licença ou permissão. É também a condição de não ser prisioneiro ou escravo.
A liberdade se desdobra em diversos tipos: de pensamento, de opinião, política, religiosa, etc. Todas essas variações tentam localizar nossas possíveis experiências de autonomia e de não dependência.
A liberdade é uma das grandes questões da humanidade. Seu conceito atravessa toda a história da filosofia e ganhou diversos significados ao longo da história’’.
Escreva um texto dissertativo em que você busque analisar se o povo brasileiro que hoje vive num regime democrático,  é de fato livre?
Você deverá usar o auxílio da coletânea, três pensadores no máximo e um, no mínimo.
Use seus conhecimentos de história do Brasil. Associe a isso ( é facultativo) a modernidade e, nela, a internet ou a publicidade.
AVISO: DELIMITE BEM O PONTO DO SEU RECORTE TEMÁTICO. SEM ISSO NÃO CONSEGUIRÁ NADA. NEM MESMO ELABORAR UMA TESE SUSTENTÁVEL.
BOM TRABALHO.

TEXTO 1
‘’Eu não nasci com fome de ser livre. Eu nasci livre - livre em todos os aspectos que conhecia. Livre de correr pelos campos perto da palhota da minha mãe, livre de nadar num regato transparente que atravessava a minha aldeia, livre de assar maçarocas sob as estrelas e montar os largos dorsos de bois vagarosos. Contanto que obedecesse ao meu pai e observasse os costumes da minha tribo, eu não era incomodado pelas leis do homem nem de Deus. (...) Só quando comecei a aprender que a minha liberdade de menino era uma ilusão, quando descobri, em jovem, que a minha liberdade já me fora roubada, é que comecei a sentir fome dela. (...) Calcorreei esse longo caminho para a liberdade. Tentei não vacilar; dei maus passos durante o percurso. Mas descobri o segredo: depois de subir uma alta montanha apenas se encontram outras montanhas para subir. Parei aqui um momento para descansar, para gozar a vista da gloriosa paisagem que me rodeia, para voltar os olhos para a distância percorrida. Mas só posso descansar um momento, porque, com a liberdade, vem a responsabilidade, e não me atrevo a demorar, pois a minha caminhada ainda não terminou. (...) Ser livre não é apenas livrar-se das próprias grilhetas, mas viver de uma forma que respeite e promova a liberdade dos outros. (...) Eu não tinha a menor dúvida de que o opressor tinha de ser libertado tanto quanto o oprimido. Um homem que tira a liberdade de outro homem está prisioneiro do ódio, está fechado atrás das grades do preconceito e da estreiteza de vistas. Não sou verdadeiramente livre se estou a tirar a liberdade a alguém, tão certamente quanto não sou livre quando me é roubada a minha humanidade. Tanto o oprimido quanto o opressor são espoliados da sua humanidade’’.  Nelson Mandela, in 'Long Walk to Freedom (1994)' 
TEXTO 2
Para boa parte da tradição filosófica, a liberdade denota a ausência de servidão e estaria ligada principalmente à vontade, ao livre arbítrio, ao prazer de decidir. Ela seria vivenciada no interior do homem. Ou seja, liberdade é o nome que se dá ao fato de que temos autonomia para escolhemos nossos rumos.

‘’O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) acreditava que uma boa vida dependia da harmonia entre segurança e liberdade. Mas que não seria possível ter as duas ao mesmo tempo. Para ele, a modernidade resultou no excesso de ordem e na escassez de liberdade. Já no século 21, nos confrontamos com a desregulamentação das instituições, a crise das ideologias e a ascensão da liberdade individual. Para ele, o sentimento do “excesso de liberdade” geraria uma sensação de caos e por consequência, uma necessidade de maior segurança. Ele analisa que ao lidar com as incertezas, muitas vezes o indivíduo se recusa a assumir responsabilidades ou assume o discurso do “eu não gosto de tomar decisões’’...’’
(...)
‘’O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) acreditava que a dominação e o poder são exercidos em várias direções, cotidianamente, em escala múltipla. As diversas instituições da sociedade (Escolas, a Família, Médicos, a Justiça, entre outros) são responsáveis por indicar aos homens como se comportar. Para Foucault, o poder delineia o limite da liberdade. O filósofo ainda criticava a psiquiatria e psicanálise tradicionais, que seriam instrumentos de controle e dominação ideológica. Ele ainda fala do modelo do panoptismo, onde o indivíduo é vigiado sem desejar. A sociedade hoje estaria sendo vigiada constantemente, muitas vezes sem perceber, apesar de se sentir segura com o modelo de vigilância total.’’
(...)
‘’O filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980) disse: “estamos condenados a ser livres”. Essa frase traz a liberdade como possibilidade única da existência. Ele entende que somos livres para existir e construímos nosso mundo interior a partir de escolhas. Elas seriam obrigatórias - mesmo se não quiser decidir algo, se escolheu não decidir. Na concepção de Sartre, o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio e, no entanto é livre. E uma vez lançado no mundo, seria responsável por tudo o que fizer. Essa liberdade traria uma angústia: a responsabilidade diante de seus atos e a exclusão das outras possiblidades não escolhidas. Como saber qual é o caminho certo? ‘’

‘’Apesar de muitas transformações sociais e culturais, o século 20 também foi marcado pelo controle e violência. Ao analisar os regimes totalitários que surgiram na época, baseados na força e na violência, a filósofa Hannah Arendt analisou que esses sistemas políticos contribuíram para reforçar a ideia de que a liberdade não pode ser vivenciada no domínio político. Mas para ela, só existe poder legítimo quando existe liberdade.’’ https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/propostas/o-brasil-e-os-imigrantes-no-mundo-contemporaneo.htm

Texto 3
‘’O que aprisiona é o medo de arriscar, o medo de tomar decisões erradas, medo de se arrepender. As consequências das nossas decisões só tem 50% de chance de dar certo se colocamos em prática nossa vontade. Se não fizermos nenhuma mudança são 100% de chance de que nada aconteça, 100% de chance de que continuaremos sentindo o medo de errar sem ter errado, o medo de arriscar sem ter arriscado e de vivermos insatisfeitos afetando negativamente outras pessoas. Deixar o medo e seguir a liberdade já dão mais chances de vencer do que continuar parado! Como diria Woody Allen: “A liberdade é o oxigênio da alma”. https://exame.abril.com.br/blog/o-que-te-motiva/somos-realmente-livres/
Texto 4
 ‘’Mas ser livre é inventar a razão de tudo sem haver absolutamente razão nenhuma para nada. É ser senhor total de si quando se é senhoreado. É darmo-nos inteiramente sem nos darmos absolutamente nada. É ser-se o mesmo, sendo-se outro. É ser-se sem se ser. Assim, pois, tudo é complicado outra vez. É mesmo possível que sofra aqui e ali de um pouco de engasgamento. Mas só a estupidez se não engasga, ó meritíssimos, na sua forma de ser quadrúpede, como vós o deveis saber’’. Vergílio Ferreira, in 'Nítido Nulo' 
Texto 5
Tenta fazer esta experiência, construindo um palácio. Equipa-o com mármore, quadros, ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos, todo o tipo de coisas... e entra lá para dentro. Bem, pode ser que nunca mais desejasses sair daí. Talvez, de facto, nunca mais saisses de lá. Está lá tudo! "Estou muito bem aqui sozinho!". Mas, de repente - uma ninharia! O teu castelo é rodeado por muros, e é-te dito: 'Tudo isto é teu! Desfruta-o! Apenas não podes sair daqui!". Então, acredita-me, nesse mesmo instante quererás deixar esse teu paraíso e pular por cima do muro. Mais! Tudo esse luxo, toda essa plenitude, aumentará o teu sofrimento. Sentir-te-ás insultado como resultado de todo esse luxo... Sim, apenas uma coisa te falta... um pouco de liberdade. 

Fiodor Dostoievski, in "O Movimento de Liberação" 

Texto 6
Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim. Eu queria uma liberdade olímpica. Mas essa liberdade só é concedida aos seres imateriais. Enquanto eu tiver corpo ele me submeterá às suas exigências. Vejo a liberdade como uma forma de beleza e essa beleza me falta. 

Clarice Lispector, in 'Um Sopro de Vida' 


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